Álvaro e Maria do Carmo Mendonça tinham uma vida feliz em Angola. Álvaro era um empresário de sucesso e Maria do Carmo uma dona de casa tranquila. Juntos têm dois filhos, Ana Maria e João, que estudavam e viviam a adolescência nas ruas de Luanda. Até que chegou a guerra civil e tudo se precipitou. Entre anúncios de independência, estala uma onda de violência e todo o bem-estar e a ordem estabelecida desaparecem.
Em julho de 1975, deixando para trás todos os pertences de uma vida de trabalho, a família Mendonça, juntamente com mais de quinhentas mil pessoas, embarca numa ponte aérea que marcaria o maior êxodo da história do povo português, rumo a uma terra que a maioria conhecia apenas das fotografias e a que chamavam então de “Metrópole”.
Em Lisboa, no pequeno apartamento de Joaquim e Natália Cardoso, cunhado e irmã de Álvaro, os Mendonça encontram a base para a reconstrução das suas vidas. Porém, naquele verão quente de 1975, a integração não se adivinhava fácil. Com um Portugal subitamente reduzido às suas dimensões verdadeiras e empenhado num processo revolucionário que, em determinados momentos, deixaria o país num estado próximo da anarquia, a família tem de começar do zero, convivendo com estranhos que os recebem com desconfiança (na rua e mesmo dentro de casa) e lhes colam o rótulo de “os Retornados” (palavra incompreensível para os seus dois filhos, que nasceram em África). Álvaro tem de arranjar emprego e todos têm de sacudir o orgulho e aceitar a humildade, sofrendo em silêncio a nostalgia de tudo o que se viram forçados a abandonar.
Álvaro, um sobrevivente, de espírito empreendedor, chega sem nada mas disposto a fazer tudo para “salvar” a família da miséria. À imagem de muitos portugueses que sofrem a atual crise económica, Álvaro tem de fazer pela vida e lutar contra o desemprego.
Maria do Carmo é o elemento agregador da família Mendonça, apesar de sofrer muito com a tragéd