A execução dos Távoras... Uma viagem ao século XVIII, ainda na ressaca do terramoto que destruíra Lisboa em 1755
Ano de 1759. Ainda na ressaca do terramoto que destruíra Lisboa quatro anos antes, em ambiente de crise política e económica, D. José, rei de Portugal é vítima de um atentado levado a cabo por indivíduos emboscados, numa noite de Setembro, quando regressava ao Campo Real depois de um encontro com a sua amante - a marquesa de Távora nova.
Após um primeiro momento de hesitação e perplexidade, o rei encarrega Sebastião José Carvalho e Melo de proceder á constituição de um tribunal que descubra, prenda e julgue os responsáveis pelo crime. É o pretexto para acabar de vez com a velha nobreza que resistia à euforia iluminista que entretanto se preparava para modificar definitivamente a forma de fazer política na Europa. De facto, 30 anos depois, a Revolução Francesa era a expressão mais radical das novas ideias.
As famílias do duque de Aveiro e do marquês de Távora são acusadas de crime de lesa-majestade através de um processo espúrio, construído sobre provas cuja intencionalidade política era evidente. O destino foi a morte na maior execução coletiva a que Portugal alguma vez assistiu. Mas a História não esqueceu. Se politicamente eram responsáveis pela oposição ao espírito de reforma, judicialmente eram inocentes e o horror do cadafalso para inocentes marcou o nosso destino coletivo. Talvez fosse essa má consciência que fez de Portugal o primeiro reino europeu a abolir a pena de morte.
Mas ainda hoje, pese embora a reabilitação dos Távora, essa mancha de ignomínia e tragédia está presente na memória dos homens. Para muitos, apenas as dores do parto por onde emergia o Portugal moderno.